sábado, 23 de abril de 2016
Resenha Literária: Aprendendo a Viver, Clarice Lispector
Livro: Aprendendo a viver
Autora: Clarice Lispector
Páginas: 220
Editora: Rocco
Quero começar a escrever de uma forma despretensiosa sobre este livro.
Nada como uma volta na cidade de São Paulo, e, no entanto encontrar essa beleza de livro num sebo, e desde então folheá-lo até chegar em casa.
De imediato pensei encontrar algo semelhante a trechos que vejo repetidamente na Internet sobre a Clarice Lispector, mas me surpreendi com as crônicas deste livro.
Cada crônica reunida neste livro "Aprendendo a viver" é uma miscelânea de vida com a arte, de vida com a palavra escrita, ou apenas de vida.
É tão difícil transcrever sobre este livro, como tantos outros de Clarice que percebo como às vezes minha inteligência se torna obsoleta. E o meus sentidos ficam em alerta.
Não há como usar palavras para descrever uma obra que ao mesmo tempo que é lida, é também: degustada, mastigada minuciosamente.
Confesso amargamente que falhei ao ler, pois ao invés de mastigar o livro: eu o devorei. Como se estivesse dias no deserto sem comida, e do nada surge uma comida na mão da qual eu devoro sem nenhum pudor.
Sinto dizer que atualmente encontramos tanto descuido da palavra escrita que quando nos enfrentamos com a leitura de Clarice nos vem a tona a questão: Por que não existe "Clarices" nos jornais atualmente? Deve ser por falta de amor com a palavra ou por simplesmente está fazendo jornalismo por dinheiro? Fica a questão dessa questão tão simples e complexa. Não quero responde-la, pois quero deixar você pensar, e quem saiba não vire assunto para um artigo aqui no Literatura Sóbria.
Essas crônicas mostram o lado pessoal como Clarice Lispector pensava, e também sentia o mundo. Não há coisa mais bela ao você ler uma crônica deste livro e sair com uma alegria imensa dentro da alma. Como a crônica "Das Vantagens de ser bobo", que é uma excelente crônica que fala das qualidades que o bobo tem em relação a vida, e aos que dizem serem espertos. Um trecho dela:
"- O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem.
- Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.
- O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.
- O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto. muitas vezes o bobo é um Dostoievski."
Queria não finalizar essa resenha, e continuar escrevendo, escrevendo até não querer mais sobre esse livro. Mas como tudo acaba, nada é para sempre. Estou aqui do outro lado da tela do seu computador com uma imensa alegria por ter lido Aprendendo a Viver da Clarice, mas com imensa tristeza por ter terminado.
Aconselho você a comprar este livro, e não esquecer-se que será um livro que irá te acompanhar em todos os momentos. Às vezes penso o porquê de Clarice não ser eterna, mas eu paro e penso de novo, chegando a conclusão que a eternidade é um martírio. Então, que fiquemos com a morte, e com a doçura da eternidade da palavra escrita de Clarice. Beijos, até o próximo sábado.
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